A Fórmula E apostou em uma estratégia inovadora para atrair novos fãs e reforçar a potência de seus carros elétricos com a realização das Evo Sessions em Miami. A ação reuniu influenciadores digitais, personalidades da mídia e até ex-pilotos para experimentar o que é pilotar um carro Gen3 Evo, modelo mais recente da categoria. Entre os participantes, o destaque ficou com Scott Mansell, criador do canal Driver61 no YouTube e ex-piloto profissional.
A proposta da iniciativa foi simples e ousada: permitir que esses convidados vivessem a experiência de um piloto profissional — desde os treinamentos no simulador até a pista real, com o suporte das equipes do grid. Mansell, por exemplo, foi integrado à recém-chegada Lola Yamaha Abt, e mergulhou de cabeça no desafio, inclusive contribuindo com feedbacks técnicos aos engenheiros.
“Me trataram como parte da equipe. Fiquei impressionado com o nível de abertura e colaboração. E como já tenho experiência em diversas categorias, consegui trocar informações úteis com os engenheiros”, disse Mansell.
Apesar da bagagem, ele reconheceu que teve de reaprender alguns conceitos. O sistema de frenagem regenerativa dos carros elétricos exigiu uma nova abordagem. “No primeiro dia, eu freava com muita força, como nos carros a combustão. Isso acionava falhas no sistema, e precisei entrar duas ou três vezes nos boxes. Só no segundo dia consegui corrigir e encaixar uma boa volta.”
Cada participante teve apenas duas sessões de 20 minutos na pista. Segundo Mansell, o tempo foi suficiente para aprender e curtir, sem exageros. “Se fosse mais longo, talvez os erros se multiplicassem. No segundo dia já houve mais rodadas e escapadas.”
Durante o evento, criadores como Supercar Blondie também pilotaram os carros da Fórmula E. A ideia da categoria é justamente aproximar o público que não costuma acompanhar corridas, mostrando a tecnologia, a performance e o espírito competitivo da modalidade.
Mansell elogiou a proposta e aproveitou para rebater críticas comuns de fãs mais tradicionais. “Dizem que falta barulho, mas isso acontece em outras categorias também. O que importa é ter imprevisibilidade, disputa roda a roda e carros difíceis de pilotar — e a Fórmula E entrega tudo isso. Você vê os carros escorregando, os pilotos lutando no volante. É incrível.”
Além do apelo visual, ele destacou a tecnologia dos carros como um diferencial. “Os engenheiros trabalham em um nível altíssimo. Foi uma das coisas que mais me surpreenderam.”
Questionado se o modelo das Evo Sessions poderia ser replicado em outras categorias, Mansell foi cético. “A Fórmula E tem coragem para experimentar. Estão sempre testando coisas novas, com essa mentalidade de estar em modo beta. Não vejo a F1 fazendo isso. Talvez a NASCAR, mas não com a mesma mentalidade.”
Para a Fórmula E, a experiência foi considerada um sucesso e para Mansell, a ação foi mais do que especial: foi a chance de reviver o prazer da pilotagem em alto nível. “Consegui andar no ritmo do Zane Maloney, um dos pilotos mais rápidos. Isso foi uma validação pessoal e mostrou que ainda tenho habilidade para extrair tudo de um carro.”