O GP da Áustria 2025 foi daqueles que lembram por que ainda vale a pena assistir Fórmula 1 com atenção. Uma boa emoção desde o início da prova com acidentes, disputas limpas (ou nem tanto) e, principalmente, uma vitória com gosto especial para Lando Norris.
A McLaren não só cravou uma dobradinha impecável como deixou seus dois pilotos brigarem livremente pela vitória – o que achei que não aconteceria depois da lambança de Norris no Canadá. Nada de “segura posição” ou “pensa no campeonato”. Norris e Piastri foram para cima um do outro com respeito e agressividade, como se deve ser. Ver isso aquece o coração de qualquer fã. Em outras garagens, já teriam travado os carros pelo rádio. Ponto para a McLaren. Isso é bom para o esporte. E foi bom também para Norris, que precisava reagir no campeonato e mostrou que não vai deixar o título escapar fácil.
Piastri, mais uma vez foi muito bem. Talvez o piloto mais consistente do grid até aqui, e por isso, segue como meu favorito ao título. Está rápido, maduro e, acima de tudo, constante. A disputa interna entre os dois promete ser das boas — e se a equipe mantiver essa postura de liberdade, melhor ainda para quem assiste.
Do outro lado da moeda, tivemos um raro momento de vulnerabilidade de Max Verstappen. Logo na primeira volta, o jovem Antonelli perdeu o carro e acertou o holandês em cheio. Fim de prova para os dois e, com isso, a distância entre Max e os pilotos da McLaren aumentou perigosamente. O incidente foi uma infelicidade — dessas que praticamente nunca acontecem com Verstappen — mas serviu para escancarar uma verdade: o que ele faz com esse carro da Red Bull beira o milagre.
Porque, sejamos honestos, sem Max, o RB21 vira um carro comum. Tsunoda foi simplesmente pífio na corrida. Lento, sem presença e ainda cometeu um erro primário ao bater em Colapinto. Levou punição justa e, sinceramente, demonstrou que o problema não é só com o “outro carro”. Perez, Lawson, agora Tsunoda… todos já foram queimados pelo comparativo com Verstappen. O holandês é exceção, não a regra. E talvez seja hora de Marko (ou quem sabe Vettel, que vem sendo ventilado nos bastidores) fazer uma faxina e reencontrar um caminho mais coerente para o futuro da equipe.
Falando em reencontro com o bom desempenho, a Ferrari fez uma corrida segura e eficiente. Leclerc foi ao pódio, Lewis teve um desempenho sólido e os pit stops funcionaram bem. É o tipo de fim de semana que a equipe precisa repetir se quiser sonhar com algo mais em 2025. Ainda não estão no nível da McLaren, mas não fizeram feio.
Agora, impossível não destacar a Sauber. Que atuação dos dois pilotos! Principalmente Gabriel Bortoleto. O brasileiro fez um fim de semana limpo, inteligente e, finalmente, marcou seus primeiros pontos na Fórmula 1 com um belo oitavo lugar. Ultrapassagens boas, ritmo consistente e uma postura madura. Ganhou abraço de Verstappen, Alonso e, claro, do companheiro Hulkenberg (com direito a cena engraçada dele enrolado na toalha nos boxes). Foi um momento leve e merecido para a equipe, que também viu Nico largar em último e chegar em nono — uma bela recuperação.

É claro que os primeiros pontos são importantes para Bortoleto, e merecem comemoração, mas vamos com calma. Não é nada “histórico” como parte da imprensa mais ufanista tem pintado – a não ser pelo fato dele ser o mais jovem brasileiro a conseguir esse feito, vá lá. Para ele, sim, é uma baita conquista. Dá tranquilidade, mostra evolução e fortalece sua permanência na F1. Mas o campeonato de Gabriel, como sempre digo, é contra ele mesmo. Se manter no radar, não cometer erros e somar quando der. E ele está fazendo isso direitinho.
Agora, a Fórmula 1 desembarca em Silverstone. Palco da primeira corrida da história da categoria, lar espiritual do esporte e cenário perfeito para o próximo capítulo dessa boa temporada.