A FIA, em parceria com a ACO e com apoio da IMSA, deu início ao primeiro processo de licitação que definirá o futuro da categoria LMP2 após o fim do atual regulamento, vigente desde 2017. A primeira etapa da licitação cobre o trem de força e a eletrônica, adotando um modelo de especificação única para todo o sistema motriz, ao contrário da regulamentação anterior, que permitia apenas um motor padrão, mas com liberdade para escolha do câmbio.
Sob as regras de 2017, os quatro fabricantes de chassis (ORECA, Dallara, Ligier e Multimatic) tinham liberdade para escolher seus próprios fornecedores de transmissão, enquanto a Gibson Technologies foi a única fornecedora do motor GK 428 V8 aspirado de 4.2 litros. Inicialmente, a Gibson teve seu contrato estendido para continuar fornecendo motores ao LMP2 até 2030, mas a FIA e a ACO decidiram cancelar esse plano antes das 24 Horas de Le Mans de 2024, optando por reformular a categoria a partir de 2028. O LMP2 seguirá nas principais competições de resistência, como European Le Mans Series (ELMS), Asian Le Mans Series, IMSA e nas 24 Horas de Le Mans até o final de 2027.
A FIA confirmou que, além do trem de força e eletrônica, haverá um segundo edital para os chassis, sem especificar se haverá um único fornecedor. Além disso, foi determinado que os contratos de motor e chassis não serão concedidos ao mesmo fabricante. As empresas interessadas devem apresentar suas propostas até 30 de abril de 2025, com a escolha final sendo anunciada em 10 de junho de 2025, durante a semana das 24 Horas de Le Mans. O novo regulamento será aplicado de 2028 a 2032, com exigências específicas para o trem de força. O motor será turboalimentado, com peso máximo de 160 kg, utilizando cárter seco e preferencialmente injeção direta de combustível. A potência será ajustável de 420 kW (563 hp) a 380 kW (509 hp), enquanto o nível máximo de ruído não poderá ultrapassar 100 dB. A transmissão será sequencial de seis marchas com diferencial mecânico de deslizamento limitado.
A FIA também estabeleceu um teto de custos para aquisição e manutenção dos novos motores e transmissões, permitindo que as equipes optem por compra ou leasing dos componentes. Para leasing do motor, o aluguel, incluindo a unidade de controle eletrônico (ECU), não poderá ultrapassar 1.500 euros por hora de funcionamento, sem impostos. No caso de compra, o motor deverá ter vida útil mínima de 14.000 km antes de manutenção, com custo máximo, incluindo ECU e suporte, limitado a 1.750 euros por hora de funcionamento. A transmissão também deverá ter vida útil mínima de 14.000 km antes da necessidade de revisão, com custo total de manutenção e peças limitado a 550 euros por hora de funcionamento.
As mudanças propostas pela FIA e ACO buscam manter o LMP2 competitivo e acessível, reduzindo custos operacionais e garantindo um regulamento mais padronizado. A nova configuração técnica tem como objetivo tornar o LMP2 uma categoria ainda mais atrativa para equipes privadas, mantendo seu papel como um trampolim para as classes Hypercar e GTP. Com um novo modelo de motor, transmissão e chassis sendo definidos, a expectativa é que o LMP2 continue sendo um dos pilares do automobilismo de endurance, consolidando-se como um dos principais caminhos para pilotos e equipes que buscam sucesso nas 24 Horas de Le Mans e outras provas de resistência ao redor do mundo.