A FIA continua monitorando de perto a flexibilidade das asas dos carros de Fórmula 1 e reforçou os testes de deflexão da asa traseira, enquanto os testes mais rígidos para a asa dianteira foram adiados para o GP da Espanha. A decisão vem em meio a preocupações sobre o uso da aeroelasticidade para otimizar o desempenho aerodinâmico dos carros, explorando brechas no regulamento.
Nos últimos anos, as equipes têm utilizado a flexibilidade das asas para melhorar o equilíbrio dos carros entre curvas de alta e baixa velocidade. Inicialmente, a FIA acreditava que seus testes estáticos seriam suficientes para impedir abusos, mas as reclamações crescentes das equipes levaram o órgão a rever sua abordagem.
O endurecimento das regras começou com a restrição da flexão da asa traseira, visando evitar efeitos como o “mini-DRS” da McLaren, que chamou atenção em Baku no ano passado. Desde o início da temporada, a tolerância para flexão dessa parte do carro foi reduzida. Já os testes mais rigorosos para a asa dianteira ficaram para o GP da Espanha, em Barcelona, no final de maio. A decisão permitiu que as equipes mantivessem seus projetos durante o inverno, evitando mudanças de última hora.
No entanto, após os testes de pré-temporada no Bahrein, a FIA concluiu que as novas restrições ainda não eram suficientes e impôs diretrizes mais rígidas a partir do GP da China. O chefe de monopostos da FIA, Nikolas Tombazis, explicou que a decisão foi tomada para evitar que a polêmica se prolongasse ao longo da temporada.
“Em vez de deixar que a situação se transformasse em uma novela de reclamações, fotos e discussões na imprensa, decidimos agir de forma decisiva”, disse Tombazis.
Ele revelou que “quatro ou cinco” equipes foram afetadas pelos novos testes, incluindo Alpine, Haas e Ferrari. A McLaren, que esteve sob suspeita devido ao mini-DRS, negou ter feito alterações, mas também pode ter sido impactada.
O principal desafio da FIA é controlar a flexibilidade das asas durante uma corrida real, já que os testes estáticos nem sempre replicam as condições de alta velocidade. A construção do aerofólio, os materiais e até a configuração do carro podem influenciar a deflexão, tornando a fiscalização mais complexa.
Tombazis afirmou que há uma forte correlação entre os testes estáticos e as imagens das câmeras de bordo, o que ajuda a FIA a identificar irregularidades. No entanto, ele não descarta ajustes adicionais nas regras, caso seja necessário.
“Estamos monitorando tudo de perto e, se for preciso, podemos endurecer ainda mais as restrições ou investigar o funcionamento do DRS. No momento, achamos que estamos no caminho certo, mas não queremos ser excessivamente confiantes”, afirmou.
Com as novas regras da asa traseira já em vigor, a atenção agora se volta para as restrições da asa dianteira, que serão implementadas no GP da Espanha. Algumas equipes criticaram o adiamento da medida, pois acreditam que isso favorece concorrentes que já exploram essa flexibilidade há oito corridas. Outras, no entanto, enxergam a decisão como um alívio, pois evitou que tivessem que redesenhar suas asas dianteiras antes do início da temporada.
Tombazis reconhece que nunca haverá uma solução perfeita que agrade a todos.
“É como dividir um bolo para garantir que todos fiquem satisfeitos—é sempre um desafio”, brincou. “Sabemos que algumas equipes gostariam que as mudanças fossem imediatas, mas também precisamos considerar os custos e o impacto das decisões. Optamos pelo que parecia mais justo”.
O regulador segue atento e pronto para agir caso novas brechas sejam encontradas. Resta saber se as novas regras realmente encerrarão a saga das asas flexíveis ou se novas polêmicas surgirão ao longo da temporada.