Imagine uma corrida de um carro só. Foi assim que, em 20 de abril de 1887, o automobilismo deu seus primeiros passos. Paris era o cenário, e o protagonista era um quadriciclo a vapor chamado La Marquise. Com Georges Bouton ao volante e o conde Jules-Albert de Dion ao lado, o veículo percorreu 30 quilômetros entre Pont de Neuilly e Versalhes. Apesar de ser mais uma demonstração do que uma disputa, aquele momento marcou o início de uma paixão global.
Mas o que muitos não sabem é que a história das corridas automobilísticas não começou apenas com a vontade de competir, mas também com o desejo de testar novas tecnologias. O motor a vapor de La Marquise abriu caminho, mas o grande salto veio com o motor de combustão interna, criado por Karl Benz no final de 1885. Esse motor, alimentado por combustível derivado do petróleo, rapidamente se destacou em relação aos elétricos ou a vapor, especialmente nas primeiras competições.
A França, com sua infraestrutura industrial e uma rede de estradas invejável, tornou-se o berço do automobilismo. Com a colaboração de nomes como Émile Levassor, a indústria automotriz francesa prosperou, firmando o automóvel como meio de transporte viável. As competições começaram a tomar forma com eventos como a Paris-Rouen, de 1894. Embora não fosse exatamente uma corrida, essa caravana de 127 quilômetros serviu para mostrar que os carros tinham futuro. O vencedor? Um veículo movido a gasolina com motor Daimler.
No ano seguinte, porém, o espírito competitivo tomou as rédeas. Um grupo de apaixonados pelo automobilismo, reunido na casa do conde de Dion, decidiu organizar uma corrida de verdade: a Paris-Bordeaux-Paris, uma jornada de impressionantes 1.200 quilômetros. Foi ali que nasceu a ideia do Automóvel Clube da França, que estabeleceu as bases para as competições que conhecemos hoje.
No dia 11 de junho de 1895, às 10 da manhã, 21 participantes partiram do Arco do Triunfo, em Paris, em direção a Versalhes para a largada oficial. A corrida trouxe inovações, como o uso de rodas pneumáticas no Peugeot-Michelin. A média de velocidade? Respeitáveis 20 km/h.
Após 48 horas e 48 minutos, Émile Levassor cruzou a linha de chegada em primeiro lugar com seu Panhard & Levassor equipado com motor bicilíndrico. Mas havia um detalhe: o regulamento exigia que o carro transportasse quatro pessoas. Levassor e o segundo colocado, Louis Rigoulot, não cumpriram essa regra. Assim, Paul Koechlin, que completou o percurso em 59 horas e 48 minutos com um carro de quatro lugares, foi declarado vencedor.
Com o passar dos anos, as velocidades aumentaram e os desafios se multiplicaram. Em 1899, as corridas já registravam médias acima de 100 km/h. Em 1900, o Primeiro Campeonato Internacional de Automobilismo foi realizado em Lyon, com a vitória de um Panhard francês.
No entanto, a busca por velocidade teve seu preço. Durante a Paris-Madri de 1903, tragédias com participantes e espectadores levaram à proibição de corridas em estradas públicas. Assim nasceram os primeiros circuitos fechados, onde o automobilismo encontrou o palco ideal para evoluir em segurança e emoção.
De La Marquise ao rugido dos motores de combustão, a história das corridas automobilísticas é um reflexo da paixão humana por velocidade, inovação e o desejo eterno de superar limites.
🔗 Junte-se à nossa comunidade!
👉 Entre no nosso grupo no WhatsApp para receber novidades, trocar ideias e ficar por dentro de tudo em tempo real.
📺 E não esqueça de se inscrever no nosso canal no YouTube para vídeos exclusivos, curiosidades e muito mais!