A gestão da Mercedes na Fórmula 1, conhecida pela sua cultura de transparência e honestidade brutal, tem raízes surpreendentes em uma das maiores rivalidades da história do automobilismo: a de Ayrton Senna e Alain Prost. O chefe da equipa, Toto Wolff, revelou que a sua abordagem de liderança foi moldada por uma breve, mas profunda, conversa com o tetracampeão francês, Alain Prost.
Em 2013, pouco depois de assumir o comando da Mercedes, Wolff encontrou-se com Prost no grid e fez a pergunta que muitos fãs de F1 já se questionaram: “O que deu errado entre você e Senna?”. A resposta de Prost foi decisiva. Ele explicou que o problema não era a sua rivalidade pessoal, mas sim a gestão da equipa McLaren que os colocou um contra o outro. “O que deu errado é que a direção da equipa nos jogou um contra o outro – nunca sabíamos onde estávamos. Num fim de semana você era o preferido, no outro nem sabia se teria um lugar. E nunca tínhamos informações claras”, relembrou Wolff, citando Prost.
Esta falta de transparência e o ambiente de incerteza geraram uma “paranoia” que, segundo Prost, levou à “implosão do relacionamento”. Inspirado por esta lição, Wolff adotou uma filosofia de gestão baseada na honestidade e na comunicação aberta. A sua missão era evitar que os seus pilotos, como Lewis Hamilton e Nico Rosberg, caíssem na mesma armadilha. A rivalidade intensa entre os dois, especialmente entre 2014 e 2016, foi o teste máximo para esta filosofia.
Wolff aplicou o mesmo princípio para gerir a complexa parceria com Lewis Hamilton após a aposentadoria de Rosberg. Ele recordou um momento de tensão em que uma conversa franca foi crucial para manter o relacionamento. “Tivemos momentos complicados na época da premiação da FIA, quando Nico anunciou a aposentadoria… Eu queria que ele ficasse na equipe por muito tempo”, disse Wolff. “Disse que ele era o melhor piloto e que, se achasse que éramos a melhor equipa, precisávamos colocar todos os pontos na mesa… foi uma ótima conversa e entendi que se fechar não é o caminho.”
A filosofia de Wolff, influenciada por Prost e pelo falecido Niki Lauda, mostra que, para o sucesso a longo prazo, a coesão da equipa e a transparência são tão importantes quanto o talento dos pilotos.
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