Na Fórmula 1, cada milésimo de segundo conta — e isso não se limita à aerodinâmica ou ao motor. A nutrição dos pilotos se tornou uma ciência estratégica dentro do paddock, com refeições milimetricamente pensadas para garantir energia, foco e resistência. Em uma corrida, os atletas enfrentam temperaturas extremas, desidratação severa e cargas físicas comparáveis às de esportes de resistência. O corpo precisa estar tão bem calibrado quanto os carros que pilotam.
A exigência extrema do cockpit
Durante uma corrida, um piloto de Fórmula 1 pode perder até 3 kg apenas em líquidos, enfrentar forças G superiores a 5G e manter foco total por quase duas horas. Segundo Maria Antonia Lizarraga, médica especializada em nutrição esportiva e que já atendeu diversos atletas e equipes de inúmeras modalidades, “a exigência é similar à de um atleta de elite como um maratonista ou um jogador de futebol em ritmo intenso”.

Como os pilotos se alimentam?
A dieta é sempre personalizada, mas segue pilares em comum:
Antes da corrida:
Carboidratos complexos (como arroz integral e batata-doce) para garantir energia prolongada.
Proteínas magras (frango, peixe) para manter a massa muscular.
Hidratação intensa com água, eletrólitos e isotônicos.
Durante a corrida:
Os pilotos não comem, mas contam com um sistema de hidratação no cockpit que pode conter eletrólitos e, em alguns casos, carboidratos líquidos.
Após a corrida:
Reidratação imediata e alimentos ricos em proteínas e antioxidantes para a recuperação muscular e controle da inflamação.
O caso de Pierre Gasly: nutrição e disciplina
O piloto francês Pierre Gasly, da Alpine, compartilhou com a GQ Portugal detalhes sobre sua rotina alimentar:
Café da manhã: omelete, iogurte com frutas vermelhas, mel e cappuccino.
Almoço e jantar: salmão, atum ou frango com quinoa.
Snacks: shakes proteicos, barras energéticas e pão de banana.
Durante voos longos: Gasly evita refeições pesadas e prefere jejuar ou comer algo leve para não prejudicar o metabolismo.
Gasly também limita o consumo de massas, sempre com foco na performance.

Hamilton e o veganismo de alta performance
Desde 2017, Lewis Hamilton segue uma dieta vegana e relata melhorias significativas. Em entrevistas à Men’s Health e Julianne Cerasoli, o heptacampeão afirmou ter mais energia, melhor sono e recuperação muscular mais rápida. Sua equipe de nutrição o acompanha de perto para garantir o equilíbrio necessário para um atleta de elite.
“Meu desempenho melhorou com a dieta vegana. Tenho mais energia, durmo melhor e me recupero mais rápido.” — Lewis Hamilton

O peso certo na balança… e na pista
Cada grama conta na Fórmula 1. Um piloto mais leve pode oferecer vantagem no desempenho do carro. Estima-se que 10 kg a mais possam custar cerca de 0,3 segundos por volta, segundo o fisiologista Darren Burgess. Por isso, o controle nutricional é também uma estratégia técnica.
Corpo e máquina em sincronia
A nutrição na Fórmula 1 é muito mais do que uma preocupação com saúde — é uma extensão da engenharia de performance. Com cardápios pensados por nutricionistas esportivos e chefs particulares, os pilotos enfrentam o calendário mais exigente do automobilismo com energia, foco e resistência. No final das contas, vencer também começa no prato.
Fontes:
Entrevista com Pierre Gasly – GQ Portugal
Julianne Cerasoli – “Por dentro da dieta dos pilotos de F1”
FIA – Fédération Internationale de l’Automobile
Alpine F1 Team – Medical Team
Men’s Health – Entrevista com Lewis Hamilton
Journal of Sports Science & Medicine (2020) – “Nutritional strategies of Formula 1 drivers”
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