A passagem da IndyCar por Road America não se destacou apenas pela corrida movimentada, mas também pela confirmação de que a categoria vai lançar um novo carro a partir da temporada 2028 — um ano após o prazo anteriormente divulgado por Mark Miles, CEO da Penske Entertainment.
A atualização do monoposto é vista como urgente e estratégica. Embora o atual chassi DW12, introduzido em 2012 e rebatizado como IR-18 após a reformulação de 2018, tenha se mostrado seguro e eficiente, o automobilismo global avançou em design, desempenho e tecnologia. A Indy, por sua vez, ficou para trás, mesmo com a introdução do aeroscreen em 2020.
Ainda que a reação ao anúncio tenha sido amplamente positiva, há certo ceticismo entre os fãs mais fiéis. A categoria tem um histórico de adiar promessas, como no caso dos motores híbridos, inicialmente previstos para 2022 e implementados apenas em 2024. Por isso, desta vez, o cumprimento do cronograma se torna questão de credibilidade.
Doug Boles, presidente do Indianapolis Motor Speedway, afirmou que o novo carro será capaz de atrair uma nova geração de fãs, mas sem perder a essência visual da Indy. No entanto, durante as reuniões com chefes de equipe, o design inicial foi criticado por se parecer demais com o atual, o que pode frustrar as expectativas após mais de uma década sem mudanças visuais significativas.
O novo projeto também tem outra missão: manter o equilíbrio entre espetáculo e performance, por isso o modelo deverá ser até 45 kg mais leve, o que promete respostas mais rápidas, maior aderência e eficiência em curvas e frenagens.
Dessa redução de peso, 11 kg virão da nova caixa de câmbio desenvolvida pela Xtrac, que continua como fornecedora oficial. Os freios seguirão sob responsabilidade da Performance Friction Corporation (PFC).
Além da modernização, o lançamento do novo carro é um gesto importante para manter a Honda no grid. A montadora japonesa tem contrato até 2026 e já demonstrou incômodo com os conflitos de interesse envolvendo a Penske Corporation — que controla a categoria, uma das equipes e é sócia da Ilmor, fabricante dos motores Chevrolet.
Durante o anúncio em Road America, Boles também indicou que os motores V6 biturbo de 2,4L, originalmente planejados e depois descartados, podem voltar ao plano futuro da categoria. A Honda, que continuou investindo nesse tipo de motor e os utiliza nos carros da Acura no IMSA — inclusive com vitórias recentes em Detroit e Watkins Glen — pode ver nessa retomada um sinal claro de valorização.
O desafio da Indy agora é conciliar todas essas mudanças com os custos crescentes, uma preocupação constante para as equipes. Implementar o novo carro dentro do prazo e garantir sua eficácia técnica e comercial será fundamental para o futuro da categoria, tanto em credibilidade quanto em visibilidade global.