A tentativa da F1 de tornar o tradicional GP de Mônaco mais emocionante com uma nova regra de duas paradas obrigatórias acabou gerando uma enxurrada de críticas e opiniões divergentes entre os pilotos. A edição de 2025 da prova nas ruas do Principado, marcada historicamente pela dificuldade de ultrapassagens, teve como novidade a obrigatoriedade de dois pit-stops por competidor, mas o que era para ser uma solução virou motivo de controvérsia.
Carlos Sainz, da Williams, foi um dos mais duros ao comentar a mudança. Segundo o espanhol, a corrida foi completamente manipulada por estratégias artificiais de equipe.
“Foi decepcionante. Tivemos que reagir ao que a Racing Bulls fez conosco. Isso mostra que duas paradas não funcionam aqui. As pessoas manipularam a prova, inclusive nós. É um dia triste para o esporte”, disparou Sainz.
Nico Hülkenberg, companheiro de Gabriel Bortoleto na Sauber, também criticou a medida. Ele reclamou de ter ficado preso em tráfego por conta das táticas de equipe e afirmou que, do ponto de vista do entretenimento, o efeito foi oposto ao desejado.
“Fiquei muito tempo andando vários segundos abaixo do meu ritmo. Isso torna a corrida frustrante. Pode ser legal estrategicamente, mas como espetáculo, ficou devendo”, analisou o alemão.
Max Verstappen, atual tetracampeão mundial, optou por um tom mais sarcástico. Para ele, a alteração no regulamento não alterou o panorama da corrida e chegou a comparar o cenário com o jogo Mario Kart.
“Você pode fazer uma ou dez paradas, nada muda. Já estávamos quase jogando Mario Kart. Falta só começar a soltar bananas na pista”, ironizou o piloto da Red Bull.
Lewis Hamilton, da Ferrari, teve uma visão mais moderada. O heptacampeão admitiu que a regra não afetou diretamente seu desempenho, mas reconheceu que talvez tenha contribuído para melhorar o ritmo geral da prova.
“Não fez necessariamente nenhuma diferença em minha corrida. Imagino que tenha sido melhor para a prova. Porque as pessoas simplesmente paravam e ficavam paradas para sempre, atrasando todo mundo”, afirmou.
George Russell, da Mercedes, revelou que sua equipe utilizou a brecha estratégica para beneficiar Andrea Kimi Antonelli. Ele afirmou que o sistema facilita a manipulação de posições através do controle das janelas de pit-stop.
“Nós mesmos planejamos isso. Criamos espaço para o Kimi parar com liberdade. Se todos tivessem corrido normalmente, talvez estivéssemos nos pontos. Mas a Racing Bulls e a Williams souberam explorar melhor”, confessou Russell.
A regra das duas paradas, criada com a intenção de revitalizar o GP de Mônaco, acabou expondo ainda mais os desafios de promover boas corridas em circuitos urbanos apertados. A FIA ainda não confirmou se manterá o formato para os próximos anos, mas as reações no paddock indicam que a discussão está longe de terminar.