A temporada atual tem sido marcada por um processo intenso de readaptação para Carlos Sainz. Depois de quatro anos vestindo vermelho em Maranello, o espanhol agora enfrenta o desafio de ajustar seu estilo de pilotagem ao carro da Williams — e, segundo ele próprio, o maior obstáculo tem sido desapegar dos hábitos adquiridos na Ferrari.
Sainz reconhece que ainda carrega uma espécie de “memória muscular” da equipe italiana, o que afeta diretamente sua forma de guiar o novo carro. “Estava acostumado a um tipo muito específico de condução na Ferrari, especialmente a partir de 2022, e isso influenciou bastante minha pilotagem”, explicou o piloto, logo ao desembarcar em Suzuka, onde chegou a confundir os boxes durante um treino livre, quase entrando na antiga garagem vermelha.
Apesar do início complicado — com apenas um ponto somado, contra 16 de seu companheiro Alexander Albon —, Sainz mantém a calma. Para ele, o tempo será um aliado. “Acredito que entre cinco e dez corridas já terei uma compreensão muito melhor do carro e poderei competir de igual para igual com o Albon”, afirmou.
Essa não é a primeira vez que o piloto precisa se reinventar. Ao longo de sua trajetória na Fórmula 1, Sainz já defendeu cinco equipes diferentes: começou na antiga Toro Rosso (atual RB), passou por Renault, McLaren, Ferrari e agora tenta se firmar na Williams.
Ele explica que certos hábitos ao volante são difíceis de abandonar. “Você desenvolve reflexos específicos que acabam se aplicando ao novo carro. Às vezes funcionam, mas em outras curvas podem te prejudicar muito. É aí que entra a necessidade de reaprender, especialmente em momentos de pressão como a classificação, quando tendemos a agir no modo automático”, disse.
Além disso, há também a questão técnica. Com o motor Mercedes no carro da Williams, as diferenças se tornam ainda mais evidentes. “Se o meu 100% for simplesmente ser naturalmente rápido, com os olhos fechados, isso pode levar mais de um ano. Mas se o objetivo for apenas atingir o mais alto nível de performance na F1, como quero fazer o quanto antes, espero atingir esse patamar em menos de meio ano — de cinco a dez corridas.”
Mesmo ainda em fase de adaptação, Sainz já demonstrou sinais de maior confiança ao volante em Suzuka. O caminho é longo, mas o piloto espanhol parece determinado a reencontrar seu melhor ritmo o mais rápido possível.
1 comentário
Bem no ponto! Muito bom